sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Leia mais, dance melhor!

 (detalhe pintura Edgar Degas)

Buscar conhecer e se informar nunca é demais.

Afirmo aqui com convicção que é preciso ler mais para dançar melhor e não me refiro aqui a leitura de livros sobre dança, sua história, suas técnicas, biografias de bailarinos ou sobre seus processos de ensino e criação, estas leituras são altamente recomendáveis, ainda que difíceis de encontrar devido a pouca quantidade nas prateleiras das livrarias, bibliotecas públicas e particulares. (Essa ridícula quantidade de distribuição de bibliografia para dança é tema para outro post.)

Digo que é imprescindível a leitura de livros sobre qualquer assunto para se dançar melhor.

Sei que pode parecer loucura, e já devem estar se perguntando "mas como ler um livro pode me ajudar a dançar melhor?", calma que a resposta já vem.

Indo contra todos os estereótipos e preconceitos (algumas vezes com fundamento.. ooops! falei rsrsrs), de que bailarinos e dançarinos são burros e ignorantes, no sentido de serem exímios executores de movimentos difíceis e acrobáticos, porém incapazes de falar sobre sua arte com domínio e clareza, digo que qualquer profissional se expressa melhor se tem o costume de ler.

Ora, de que se trata mais a dança do que a própria expressão?

Nós, bailarinos, dançarinos, coreógrafos, professores de dança, lidamos com uma linguagem sem palavras, que existe e é compreendida pelo corpo e pelo movimento. 
No momento em que precisamos escrever um projeto à um edital, ministrar uma aula, dar uma entrevista, escrever um texto sobre nosso trabalho, nossa arte, precisamos fazer uma tradução, transpor uma linguagem para outra.

Se para traduzir um texto ou discurso do português para o inglês, já é preciso "rebolar miudinho" (gostaram da expressão ligada ao corpo? rsrsrs) para não perder em essência e conteúdo o sentido do texto original, afinal nem todas as palavras de uma língua possuem correspondente em outra, imagine o trabalho que é traduzir uma linguagem sem palavras em palavras.

Quem lê mais amplia seu repertório de palavras, expressões, conceitos, compreensões, e tudo isso facilita essa transposição entre as linguagens.

Se você lê bastante terá mais facilidade de compreender o que o professor de dança propõe nas aulas, conseguirá entender melhor o que o seu diretor/coreografo espera de você, terá mais criatividade e autonomia para propor idéias nas aulas e ensaios, terá compreensões mais profundas sobre a dança.
A via inversa também é verdade, um professor ou um coreógrafo que tenha o costume de ler será mais articulado e conseguirá se fazer compreender melhor, usando palavras diferentes para um mesmo sentido que não esteja sendo bem compreendido, apontando as mesmas idéias de outros modos.

Não reforce a idéia batida de que "dança é só o fazer", "não é preciso pensar para dançar", estude, leia, pesquise, se informe, veja como outras áreas pensam e fazem, isso só irá valorizar a pessoa que você é e o seu trabalho.

Atentem para o fato de que de maneira nenhuma estou dizendo que não haja caminhos irracionais, subjetivos, poéticos e inconscientes na dança, que muitas vezes são realmente intraduzíveis, só dançando para sentir e compreender, mas afinal os livros não são todos racionais, objetivos, neutros e conscientes.

Até mesmo um livro de matemática pode ajudar você a dançar melhor, mas se você só lê livros da área de exatas, já experimentou ler um livro de poesia?

Os livros de poesia, já é consolidado, auxiliam a melhora de performance na dança, pois estimulam a sensibilidade, mas se você só lê livros de poesia, já experimentou ler um livro de física?

Leia mais, fique exigente, leia melhor e leia diverso.

Vamos dançar?
:)

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